terça-feira, 27 de março de 2007

Boletim de Ocorrência

Um homicídio foi cometido. Parece que ninguém percebeu. Sem investigação, sem relatórios, sem perícia.Um enterro sem marcha fúnebre, sem choro, sem velas, sem palavras de consolo.... Crime hediondo que não foi averiguado, os culpado friamente calcularam o ato, os cúmplices nem sequer notaram o crime cometido. O nome do cadáver é constantemente mencionado, mas sem homenagens, sem lembranças, sem relatos dos fatos heróicos, sem nem sequer ressaltar os seus valores. Ninguém se indigna, não sentem sua falta, não se importam com sua ausência, ninguém se importa com o defunto...O assassinato foi cruel... aos poucos a vitima foi decapitada, dissipada, dilacerada, triturada e jogada aos vermes. O crime foi cometido em massa, o culpado foi identificado e com ele seus cúmplices, sem sentença para o culpado, porem os cúmplices sofrem constantemente pela omissão dos fatos.O culpado permanece livre... os cúmplices estão sentenciados a perpetua escravidão do infrator. Segue a ficha dos envolvidos:

CULPADO: CAPITALISMO
SENTENÇA: NÃO DECRETADA
CÚMPLICE: SOCIEDADE
SENTENÇA: SEREM ESCRAVIZADOS PELO CAPITALISMO ATÉ A TOMADA DE CONSCIÊNCIA
VITIMA: JUSTIÇA
LAUDO: MORTA BRUTALMENTE PELO CAPITALISMO, DILACERADA LENTAMENTE. FOI SUBSTITUÍDA POR UM CYBORG DE NOME IGUAL, MAS SEM OS MESMOS PRINCÍPIOS.

Peterson Xavier


Wesley Vieira disse...


Que texto bom, Peterson! Forma legal de passar a mensagem. Achei que esse poema do Brecht deveria estar em algum lugar no blog, então vou colocar aqui pois acho que ele dá uma continuação à sua mensagem:

Elogio da Dialética

A injustiça passeia pelas ruas com passos seguros. Os dominadores se estabelecem por dez mil anos. Só a força os garante. Tudo ficará como está. Nenhuma voz se levanta além da voz dos dominadores. No mercado da exploração se diz em voz alta: Agora acaba de começar: E entre os oprimidos muitos dizem: Não se realizará jamais o que queremos! O que ainda vive não diga: jamais! O seguro não é seguro. Como está não ficará. Quando os dominadores falarem falarão também os dominados. Quem se atreve a dizer: jamais? De quem depende a continuação desse domínio? De quem depende a sua destruição? Igualmente de nós. Os caídos que se levantem! Os que estão perdidos que lutem! Quem reconhece a situação como pode calar-se? Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã. E o "hoje" nascerá do "jamais".

Bertolt Brecht
28 de Março de 2007 13:59

Marcely disse...
Bem sou a favor da paz, da igualdade social.Da reabilitação, da integração a sociedade a oportunidade...Pra que tapar o sol com a peneira!!??Sou contra, pois a criança e o adolescente têm que ter garantidos seus direitos. Preservando-se a vida, a saúde, a educação.... Mas isto depende da efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.Talvez seja até ridículo acharmos que com a mudança da maioridade penal, o caso seja solucionado. Sendo assim, que outros crianças e adolescentes menores ainda pagaram o pato.A sociedade deveria se preocupar um pouquinho mais com nossas crianças e adolescentes, cada um contribuindo no que estiver ao seu alcance, não esquecendo que eles são o futuro do nossa país. Na minha opinião nos casos dos infratores que se utilizam de menores para cometerem crimes, estes deveriam ter uma punição em dobro.Mesmo assim não iria solucionar o problema mas seria uma forma de intimidá-los.Assim sendo um inicio meio e fim........
30 de Março de 2007 18:09

Magda Crudelli disse...
Parabéns pelo blog, pela atitude, pela proposta de reflexão e de açâo. Penso que devemos abrir os olhos do coração, pois só assim podemos enxergar os caminhos para compreendermos a complexa realidade a qual estamos inseridos.Reduzir a idade penal é reduzir um problema social, político, econômico e cultural a uma mera resolusão apelativa e superficial, e com certeza ineficaz em relação ao problema da marginalidade. Devemos antes de mais nada nos perguntarmos: queremos resolver os problemas, ou alimentá-los é mais lucrativo? Será que deveríamos fazer esta pergunta as seguradoras, a midia, aos politicos demagogos, aos enganadores desta nação, enganadores de si mesmos? Ou ainda, devemos perguntar às grandes empresas que se beneficiam da violência para manterem suas riquezas, se a redução da idade penal vai contribuir ou não para manterem seus clientes. Ora, sejamos francos, onde lemos violência muitos lêem lucro. E ainda somos obrigados a ouvir de pseudos intelectuais, que se mexermos neste vespero causaremos um colapso no nosso sistema! Pronto ai está a resposta: deixemos tudo como está. Reduzindo a idade penal, fazemos de conta que estamos intervindo no problema, mas mantemos a realidade lucrativa e continuaremos nos beneficiando da indústria da violência. Será que querem também reduzir a nossa capacidade de pensar, reduzir a nossa capacidade de enxergar as contradições? Francamente, alimentar estes abutres é alimentar a nossa própria desgraça. De que colapso eles dizem ter medo? Do colapso econômico? afinal trabalhadores fazem parte destas indústrias, como ficará o mundo se o sistema capitalista ruir? Não sei, não sei, e nem quero ser simplista com meus argumentos, compreendo a complexidade, no entanto é um absurdo contribuirmos para mantê-lo nos sufocando, nos oprimindo e nos alienando. Proponho o seguinte: eu penso, eu amo, eu sinto, eu sou um sujeito afim de ser feliz! e quero levar comigo quem quiser vir, quem quiser abrir os olhos para o conhecimento verdadeiro desta realidade, abrindo os olhos da sensibilidade para que o coração possa sentir e amar, para que neste mundo de moedas de duas caras, hajam homens que acreditem na possibilidade de que talvez um dia a moeda de troca seja outra, mais honesta e compatível às nossas reais necessidades: O homem livre das amarras do consumo, um homem realmente evoluido, capaz de olhar para si, para o mundo e ser feliz. E se um "eu" quer e um outro também quiser poderemos enfim dizer: Nós pensamos, nós amamos, nós sentimos, nós somos capazes de olhar para as coisas como são e podemos modificá-las, para o bem de nós mesmos e da humanidade.
31 de Março de 2007 17:20

3 comentários:

Wesley Vieira disse...

Que texto bom, Peterson! Forma legal de passar a mensagem. Achei que esse poema do Brecht deveria estar em algum lugar no blog, então vou colocar aqui pois acho que ele dá uma continuação à sua mensagem:

Elogio da Dialética

A injustiça passeia pelas ruas com passos seguros.
Os dominadores se estabelecem por dez mil anos.
Só a força os garante.
Tudo ficará como está.
Nenhuma voz se levanta além da voz dos dominadores.
No mercado da exploração se diz em voz alta:
Agora acaba de começar:
E entre os oprimidos muitos dizem:
Não se realizará jamais o que queremos!
O que ainda vive não diga: jamais!
O seguro não é seguro. Como está não ficará.
Quando os dominadores falarem
falarão também os dominados.
Quem se atreve a dizer: jamais?
De quem depende a continuação desse domínio?
De quem depende a sua destruição?
Igualmente de nós.
Os caídos que se levantem!
Os que estão perdidos que lutem!
Quem reconhece a situação como pode calar-se?
Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã.
E o "hoje" nascerá do "jamais".

Bertolt Brecht

Unknown disse...

Bem sou a favor da paz, da igualdade social.
Da reabilitação, da integração a sociedade a oportunidade...
Pra que tapar o sol com a peneira!!??
Sou contra, pois a criança e o adolescente têm que ter garantidos seus direitos. Preservando-se a vida, a saúde, a educação.... Mas isto depende da efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
Talvez seja até ridículo acharmos que com a mudança da maioridade penal, o caso seja solucionado.
Sendo assim, que outros crianças e adolescentes menores ainda pagaram o pato.
A sociedade deveria se preocupar um pouquinho mais com nossas crianças e adolescentes, cada um contribuindo no que estiver ao seu alcance, não esquecendo que eles são o futuro do nossa país.
Na minha opinião nos casos dos infratores que se utilizam de menores para cometerem crimes, estes deveriam ter uma punição em dobro.Mesmo assim não iria solucionar o problema mas seria uma forma de intimidá-los.
Assim sendo um inicio meio e fim........

Unknown disse...

Parabéns pelo blog, pela atitude, pela proposta de reflexão e de açâo.
Penso que devemos abrir os olhos do coração, pois só assim podemos enchergar os caminhos para compreendermos a complexa realidade a qual estamos inseridos.
Reduzir a menor idade penal é reduzir um problema social, político, econômico e cultural a uma mera resolusão apelativa e superficial, e com certeza ineficaz, em relação ao problema da marginalidade. Devemos antes de mais nada nos perguntarmos: queremos resolver os problemas, ou alimentá-los é mais lucrativo? Será que deveríamos fazer esta pergunta as seguradoras, a midia, aos politicos demagogos, aos enganadores desta nação, enganadores de si mesmos? Ou ainda, devemos perguntar às grandes empresas que se beneficiam da violência para manterem suas riquezas, se a redução da menor idade penal vai contribuir ou não para manterem seus clientes. Ora, sejamos francos, onde lemos violência muitos lêem lucro. E ainda somos obrigados a ouvir de pseudos intelectuais, que se mexermos neste vespero causaremos um colapso no nosso sistema! Pronto ai está a resposta: deixemos tudo como está. Reduzindo a menor idade penal, fazemos de conta que estamos intervindo no problema, mas manteremos a realidade lucrativa, continuaremos nos beneficiando da indústria da violencia. Será que querem também reduzir a nossa capacidade de pensar, reduzir a nossa capacidade de enchergar as contradições? Francamente, alimentar estes abutres é alimentar a nossa própria desgraça. De que colapso eles dizem ter medo? Do colapso econômico? afinal trabalhadores fazem parte destas indústrias, como ficará o mundo se o sistema capitalista ruir? Não sei, não sei, e nem quero ser simplista com meus argumentos, compreendo a complexidade, no entanto é um absurdo contribuirmos para mantê-lo nos sufocando, nos oprimindo e nos alienando. Proponho o seguinte: eu penso, eu amo, eu sinto, eu sou um sujeito afim de ser feliz! e quero levar comigo quem quiser vir, quem quiser abrir os olhos para realidade através do conhecimento real desta realidade, abrindo os olhos da sensibilidade para que o coração possa sentir e amar, para que neste mundo de moedas de duas caras, hajam homens que acreditem na possibilidade de que talvez um dia o moeda de troca seja outra, mais honesta e compatível as nossas reais necessidades: O homem livre das amarras do consumo, um homem realmente evoluido, capaz de olhar para si, para o mundo e ser feliz. E se um "eu" quer e um outro também quiser poderemos enfim dizer: Nós pensamos, nós amamos, nós sentimos, nós somos capazes de olhar para as coisas como são e podemos modificá-las, para o bem de nós mesmos e da humanidade.