terça-feira, 27 de março de 2007

CARTA DE P.GERALDO LABARRÈRE


CARTA:
Prezado Senador Demóstenes Torres, membro da CCJ, da CDH, e outras. Relator da PEC, que analisa a Emenda Constitucional de Redução da Maioridade Penal, de 18 para 16 anos.
Goiânia, 15 de fevereiro de 2007, 32º de minha ordenação sacerdotal
Trabalho com jovens a vida toda e, de modo específico e exclusivo, há 17 anos.
Desculpe manifestar-lhe logo de início, sou absolutamente contra a redução da idade penal, não porque as pessoas não possam ser punidas ou corrigidas, mas porque o nosso sistema carcerário, na sua realidade nua e crua, é totalmente incapaz de ajudar, a quem quer que seja, a melhorar algo em sua vida.
O objetivo da lei, ou melhor, da sociedade que a formula, não é punir, mas, através de algum processo educativo, colaborar para que as pessoas não tornem a repetir seus erros. O desejo dos pais não é castigar os filhos, mas aprimorar, sem limites, seus métodos educacionais, para acertar na construção dos mesmos, formar o cidadão. A sabedoria social, acumulada por séculos, expressa na lei, pretende salvar seu bem maior, a pessoa humana. Reduzir a maioridade penal é condenar este bem à pena capital. Reduzir a idade penal é confessar nossa incapacidade, não unicamente para o presente, mas para o futuro. Incapacidade não de uma pessoa, não da lei, mas de toda a sociedade quanto a seus princípios e seus sonhos.
Melhor que eu, o senhor, que é promotor de justiça, que foi Secretário de Segurança Pública, em Goiás, sabe, muito bem, a degradação do sistema carcerário. Colocar um jovem, ou qualquer ser humano, adulto ou idoso, ali dentro, é condená-lo ao porão do mundo, à faculdade maior do crime, ao abuso e desrespeito total da pessoa. Não que os indivíduos sejam maus, mas a estrutura é de morte. O senhor sabe o que ocorre lá dentro, tanto com os presos, os carcereiros, os policiais, os familiares, todos estão sujeitos à mesma máquina que esmaga, humilha e corrompe. Por que, então, propor a redução da idade penal? Para colocar os homens e mulheres, cada vez mais jovens, nesse labirinto, sem saída?
Senhor Legislador maior da República, que ódio é este que corre nas veias de alguém, para desejar isso para os outros, para os filhos dos outros, dos empobrecidos? Será o mesmo ódio que, com razão, deve preencher o coração de alguns que estão lá dentro dos presídios? Dizem que os extremos se tocam, pois então, será esse o caso? Essa raiva, esse rancor, esse ódio, no fundo, é ódio de si mesmo.
O pai, juiz, cujo filho que, por diversão, ateou fogo no índio Galdino, arranjou lugar para o rapaz, se não me engano, no Senado Federal e hoje ele é servidor público. Quem pode, pode, não sofre o peso da justiça que se quer para os inimigos. Como filosofia particular isto já é inaceitável, mas pode ser compreendido, mas como principio que norteia uma sociedade é absurdo.
Senador, não queira atrelar sua carreira política, tão rápida, a esta guilhotina da redução da idade penal. O brilho que vem destes engodos, que cheiram a nazismo e fascismo, é muito curto. A história não se esquece dos respingos que ficam nas biografias. Queira bem a si próprio e ao Estado, que o senhor representa, pois ele está cheio de juventudes, entre as quais, muitos, equivocadamente, o apóiam nesta proposta que é contra eles mesmos. Hoje eles batem palmas, são jovens, mas amanhã, nas urnas, não o perdoarão. Esta é uma das diferenças entre os adultos e os jovens, estes, quando compreendem a verdade das coisas, mudam e aderem a ela.
Sem mais, aqui de sua base eleitoral e política, respeitosamente.
P. Geraldo Marcos Labarrère Nascimento, é Diretor da Casa da Juventude
Peterson Xavier disse...

Serei a favor da redução da maioridade penal, a partir do momento que deixarmos de cometer tantos crimes bárbaros contra nossa juventude;Quando nos transformarmos em uma sociedade realmente justa;Quando pararmos de empurrar nossos jovens para os becos e esquinas;Quando dermos verdadeiras oportunidades aos jovens, não um pacote de leite como incentivo para o comparecimento às aulas;Quando nossa juventude puder realmente escolher os caminhos pelos quais devem seguir;Quando a uma minoria deixar de se beneficiar com a miséria;Quando tiver fim, de uma vez por todas, essa busca licenciosa e sangrenta atrás de cifras;Quando deixarmos de ver homens, mulheres e crianças sobrevivendo nas ruas;Quando deixarmos de fomentar a marginalidade em nossa pátria, serei a favor da redução da maioridade penal;Quando todos tiverem acesso à assistência médica, educação e cultura de qualidade;Quando a política de consumo deixar de nortear as nossas vidas;Quando infinitos motivos que levam nossas crianças para marginalidade desaparecerem, serei a favor da redução da maioridade penal, pois sem motivos os crimes deixaram de acontecer, e tenho a certeza de que nossa juventude enfim estará salva e com ela toda a sociedade.

Wesley Vieira disse...

A redução da maioridade penal é mais uma FUGA do que deve realmente ser feito para melhorar a condição humana do nosso país. Temos de distrair e "atender provisóriamente" a população, que tomada por um sentimento sensacionalista vindo de nossa respeitada e desumana mídia, é levada a crer que essa medida resolverá algo que há séculos nos rodeia: o direito à uma vida digna. Sorte que alguns de nós não se distraem tão facilmente, ainda mais vendo uma atitude tão covarde tomando vulto de solução.Ser reacionário é fácil, tenha uma vida digna ... aniquilando o próximo!É fácil responder que criminosos nascem criminosos, difícil é perguntar qual o papel do Estado, das redes de comunicação e propaganda e dos mais privilegiados na formação desse criminoso.

4 comentários:

Anônimo disse...

Serei a favor da redução da maioridade penal, a partir do momento que deixarmos de cometer tantos crimes bárbaros contra nossa juventude;
Quando nos transformarmos em uma sociedade realmente justa;
Quando pararmos de empurrar nossos jovens para os becos e esquinas;
Quando dermos verdadeiras oportunidades aos jovens, não um pacote de leite como incentivo para o comparecimento às aulas;
Quando nossa juventude puder realmente escolher os caminhos pelos quais devem seguir;
Quando a uma minoria deixar de se beneficiar com a miséria;
Quando tiver fim, de uma vez por todas, essa busca licenciosa e sangrenta atrás de cifras;
Quando deixarmos de ver homens, mulheres e crianças sobrevivendo nas ruas;
Quando deixarmos de fomentar a marginalidade em nossa pátria, serei a favor da redução da maioridade penal;
Quando todos tiverem acesso à assistência médica, educação e cultura de qualidade;
Quando a política de consumo deixar de nortear as nossas vidas;
Quando infinitos motivos que levam nossas crianças para marginalidade desaparecerem, serei a favor da redução da maioridade penal, pois sem motivos os crimes deixaram de acontecer, e tenho a certeza de que nossa juventude enfim estará salva e com ela toda a sociedade.

Wesley Vieira disse...

A redução da maioridade penal é mais uma FUGA do que deve realmente ser feito para melhorar a condição humana do nosso país. Temos de distrair e "atender provisóriamente" a população, que tomada por um sentimento sensacionalista vindo de nossa respeitada e desumana mídia, é levada a crer que essa medida resolverá algo que há séculos nos rodeia: o direito à uma vida digna. Sorte que alguns de nós não se distraem tão facilmente, ainda mais vendo uma atitude tão covarde tomando vulto de solução.
Ser reacionário é fácil, tenha uma vida digna ... aniquilando o próximo!
É fácil responder que criminosos nascem criminosos, difícil é perguntar qual o papel do Estado, das redes de comunicação e propaganda e dos mais privilegiados na formação desse criminoso.

Wesley Vieira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
OPINIÃO & ATITUDE disse...

PARABÉNS PETERSON E WESLEY, SEUS COMENTARIOS VIRARÃO POSTAGEM
OPINATITUDE