quarta-feira, 4 de abril de 2007

A lição de Sobel

por Gilberto Dimenstain

03/04/2007 Folha On Line

Houve um esforço dos formadores de opinião para amenizar o impacto negativo provocado pelo furto de gravatas na imagem do rabino Henry Sobel. Estão certos. O rabino tem um histórico respeitável de serviços comunitários, sempre esteve aberto à causa da tolerância religiosa e da democracia. Se fez o que fez só poderia ter sido vítima de um desequilíbrio psicológico. O melhor seria compreender e ajudar seu tratamento. Por que, porém, não aplicar o mesmo olhar compreensivo a quem não é celebridade e que não tenha prestado nenhum serviço relevante à sociedade?Há batalhões de adolescentes presos porque cometeram o mesmo deslize do rabino: furto. Como não são ameaça à integridade de ninguém --afinal não usavam armas--, deveriam ser acolhidos, encaminhados, tratados, e não internados. Aliás, cadeia deveria ser em último caso.Esses jovens podem não sofrer surtos psicológicos, mas são induzidos involuntariamente à marginalidade assim como o rabino foi induzido a se expor levando as gravatas. Essa deveria ser uma das lições do caso Sobel.PS- Por eu ter freqüentado a CIP desde menino, Sobel sempre fez parte de minha paisagem social. Ele foi daqueles ícones que ajudaram a formar os jovens nos valores da democracia. Não sei se ele conseguirá voltar às suas antigas funções (até porque o caso ajudou os que há tempos queriam prejudicá-lo na comunidade judaica). Mas a imagem que me ficará dele é a do indivíduo que aproximou diferentes religiões, enfrentou o regime militar e sempre colocou o judaísmo a serviço da inclusão.

2 comentários:

Wesley Vieira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Wesley Vieira disse...

Acredito que esse caso ilustra muito bem a ironica situação que vivemos. É incrível como os setores conservadores do poder brasileiro não conseguem responder a essa questão de forma lógica, pois não tem resposta lógica que defenda as atitudes reacionárias que esse mesmo poder investe contra os mais necessitados. Porquê não fazem como fizeram com o Sobel? Porque não tentar ajudar os infratores de nossa sociedade?
O caso Sobel já é um bom exemplo de como devemos agir com outras pessoas em situação de risco.
Como diz o texto: aplicar o mesmo olhar compreensivo, seria o primeiro passo de uma caminhada rumo ao mundo mais justo!