Por ANTONIO MARCOS
Meus olhos pouco acreditam
Na imagem dura e crua
Que poucos lacrimejam
Em um espaço vazio e escuro
Como num ensaio de cegueira
Aquela cidade pequena...
De igreja e praça bonita
Vazia e desolada
Não está ilustrada
Um velho antigo
Toma conta de minhas lembranças
Bares e comércios de portas escancaradas e batidas
Onde foi para o bosque,
E a pequena floresta?
Que fazia o cenário da minha sombria cidade...
Pessoas...
Por que as vejo saindo do nada?
Como fantasmas
Os olhos foram poupados,
Menos o olhar confuso e culpante
Acerta-me como um vulto
Dilacera minha memória
E traz aos meus sentidos
Medo e confusão...
Será que não sou eu quem criou esses fantasmas?
E fantasmas tem rugas e manchas?
Já não vendem mais o filtro solar
O envelhecimento vem da alma
Que aderba ausência do sol
O meu balançar já não conta com a ajuda das árvores
A água tão desejada é bem vista nas lágrimas do arrependimento
De que tempo eu fiz parte?
Em que tempo eu vim ou quanto o perdi?
Pra sentir na pele o buraco dessa camada, que não mais me completa
Tudo vem na minha mente
Como acusação
Repudiei a ajuda
Entrei no mesmo barco
E em que águas viajar?
Se já não conto com o vento e nem com a paisagem...
Abalar o meu sufoco
Gritar a minha dor
Remediada e sem rumo
Me apego a imaginação
Voltar ao tempo e sentir as sensações que a natureza me dava
O ar não é o mesmo
As flores me cobrem de vergonha
O céu me nega as estrelas e expressa sua mágoa e fúria
Num vermelho intenso, como jorrar sangue, perder-se em vidas...
Sinto nojo de mim mesmo
Sem água para me lavar ou lavar a boca
Com o que tive não me contive
Acelerei minha facilidade
Anestesiei a natureza
Com as conseqüências
O que tenho não me orgulho e não é o suficiente para viver.
quarta-feira, 4 de julho de 2007
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