quarta-feira, 4 de julho de 2007

A nova Era

por Peterson Xavier
A época indefinível, a contagem dos anos já não é feita, o calor é insuportável. Relâmpagos de um sombrio néon, rasgam um vermelho manchado de chumbo onde antes existia aquilo que chamávamos de céu. Um solo acinzentado se estende abaixo dos pés. Rostos brancos de seres indefiníveis, aparecem por vezes nas fendas que existem no terreno, percebe-se que estas criaturas são jovens, em sua maioria são crianças, filhotes. Filhotes brancos de uma raça clara, de peles quase transparentes possibilitando a visão de veias, artérias e em alguns pontos a circulação de um sangue escuro.
Olhos embaçados de um cinza brancacento, miram o horizonte que parece não ter fim. A língua falada foi extinta, a forma de comunicação é a dos grunhidos, dos gestos. Restos de uma civilização indicam que aquele lugar sofrera uma mudança, uma cruel e arrebatadora mudança.
Houve uma guerra! Não entre os povos, não ideológicas, nem quente nem fria, mas uma guerra violenta que perdurou durante tempos, uma guerra suja, ácida, cruel e mesquinha, como qualquer uma, mas essa guerra fez mais vitimas do que as outras, dizimou floras e faunas, continentes inteiros foram engolidos, milhares morreram, e quase tudo foi destruído.
O que restou foi um planeta doente e que arde em febre, 50, 60, 90 graus. Oceanos ácidos onde a vida já não existe, cercam as poucas ilhas secas e cinzas que teimam em permanecer, pouca terra onde um tratado internacional foi ignorado há tempos atrás, onde os seus habitantes mais evoluídos viveram como bactérias e infeccionaram o lugar onde antes havia vida. Criaram um hematoma, um coagulo, um câncer. e nessa nova era o que sobrou foi esse mundo enfermo que já não tem mais nome, onde tudo é sombrio e vazio e terrível.

Um comentário:

Wesley Vieira disse...

A imaginação é surpreendente e quanta realidade há dentro dela!

CONTRATO DE MORTE

A Terra é protegida por escudo danificado
Um poço às avessas foi colocado no céu
Não caímos no poço
Ele cai em nós despejando sua escuridão
Evidenciando a complicação do homem
E sua briga com tudo o que é natural
Furo na camada protetora dos raios violentos
Irresponsabilidade? Sim.
Irreversível? Talvez.
As ações mostram a preocupação
E nós não estamos tão preocupados

Fábricas são os titãs, líderes da destruição
Fumaça é seu grito e dinheiro é a ordem
Pequenos homens fazem lucro
Enquanto muitos trabalham
Injustiça em cima e debaixo dos nossos olhos
O poço é a ignorância
E a ignorância é a prioridade do capital e seus senhores

Num mundo como o nosso limitaríamos o lucro?
A cabeça de metal e concreto é colocada em julgamento
E se torna tão primitiva o que parecia moderna
Somos incapazes de sentir a culpa?
O que parece obra de deus ou do diabo
É obra do homem em seu próprio apocalipse
Palavras apenas palavras
Ignoradas pelos alienados reis e súditos
A Terra esquenta
Geleiras fabricam os mares que engolem terras
Desesperos brotam da própria pele
A imagem cega os olhos
Nosso futuro é banal?
Somos homicidas e suicidas
Mataremos a casa e a família
Esse é o caos que insistimos em não sentir
Bomba que nasceu em cada um
Semeada pelos titãs que governam
Carrascos vestidos de homens

Tiro o capuz
Assino o papel e mato o irmão
O dinheiro não compra a vida humana
Mas pode fazer seu contrato de morte.